Ali Farka Touré não será contudo apenas lembrado como músico. Os tuaregues do norte do Mali recordá-lo-ão sempre como um dos que mais activamente lutaram pela paz durante a rebelião que protagonizaram nos anos 90. Eleito Presidente da Câmara da sua cidade natal, Niafunke (nas margens do Níger), deu também sinais de fuga ao livro de estilo habitual nos políticos.
Com discos lançados internacionalmente desde os anos 80, só em 1994 a sua música mereceu transversal e unânime reconhecimento. Talking Timbuktu afirmou-se como registo de referência no panorama da world music. Esse álbum, assinado em parceria com Ry Cooder, valeu-lhe um Grammy, prémio que repetiu no ano passado, com In The Heart Of The Moon, de parceria com outro nome famoso da música do Mali: Toumani Diabate.
Touré partilhava com outros músicos, entre os quais John Lee Hooker, um gosto por vozes profundas e ritmos mid-tempo, tocando frequentemente com acompanhamentos discretos e reduzidos ao essencial. Contudo, e apesar das marcas evidentes de linguagens "rotuladas" como bluesy na sua música, defendeu sempre que tinha raízes em tradições musicais do Norte do Mali, mais que de ecos colhidos nos Estados Unidos. Espantosamente, Ali Farka Touré era mais conhecido no estrangeiro do que no Mali...
O último 'blues' de Ali Farka Touré
Nuno Galopim Diário de Notícias Terça, 7 de Março de 2006
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